domingo, 25 de março de 2012

Revisionismo

O revisionismo, de tempos em tempos, causa medo aos mais avançados pensamentos revoltosos. Não se trata apenas do ato de revisar, mas sim, de reformar. É como pensarmos em alguém que quer manter a casa como está depois de um longo e difícil trabalho dos pedreiros. Como se fosse possível reformar a sala sem mudar a cor e a composição das paredes, ou dormir com o mesmo conforto em um quarto cujas paredes, o telhado, e o piso mudaram de forma, de cor, e de sentido. Paradoxo não muito fácil de se resolver, principalmente quando se trata dos mais apegados aos antigos costumes, aos antigos ditos e ao peso que a tradição impõe às percepções e falas.  Mas há aqueles que o recusam como sendo o mais mortal pecado, como se a casa tivesse que ser apenas uma, e o quarto não mudasse de piso e mantivesse a parede intacta até que se desbotem e caiam, de tão velhos. Há também alguns terceiros, utilitários das ambiguidades proporcionadas pela vastidão da língua, que ficam no meio, assistindo tudo de longe e apostando num futuro próspero, e que não conseguem fazerem-se compreender, nem mesmo quando se dirigem aos mais altos entendedores. É preciso revisar, sem deixar de ser o mesmo em sua mais bruta e doce essência.

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