quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Eleições espanholas

Hoje, vivemos numa situação diferente de alguns anos, pelo menos no que se refere às esperanças da população em relação aos seus tutores. Não é de se espantar as inúmeras revoltas ocorrendo em vários países da Europa, levando em consideração as medidas adotadas pelos governos de nomes diferentes, mas que são as mesmas: socializar com a população a responsabilidade de contornar a crise. Quando passava por uma dessas padarias de segunda feira, vi, no jornal da manhã, o desfecho das eleições espanholas. O Partido Popular, que de popular tem apenas o nome e provavelmente a vantagem de poder aparecer na TV aberta como uma possível alternativa política, assume as rédeas de um país em crise. Como desafio, tem o compromisso de acabar com o desemprego que aumenta mais do que barata em casa velha. Talvez, qualquer bom orador, se colocando frente ao público envolvido pelo desespero e vomitando promessas empregadológicas – com influência política, é claro –, num momento desses, teria um bom resultado nessas eleições ou, se não, um amplo apoio de alguns dos mais esperançosos. Para o povo, o importante é a mudança, sem se discutir direito se essa mudança será para melhor ou para pior, discussão limitada hoje aos jornais da tarde e, de vez em quando, aos da porta da madrugada, assumindo posições bem definidas (sobre as quais prefiro silenciar os meus discursos e deixar para os entendimentos que no mundo se fazem e se consolidam). Como se um novo retrato, pregado na parede de uma sala fosca e mal pintada, mudasse o sentido que a vida segue em direção a morte. Como se uma nova babá fizesse das crianças criaturas menos doces e mais adultas, sem contar com o auxílio do tempo. Mas a mudança já se mostra em sua continuidade eterna, observada na conhecida fala “O corte de gastos se coloca como prioridade em nossa política”, assumida pelo novo presidente espanhol, antes mesmo de sua posse. Como se vê, mudam-se as formas, mas o conteúdo continua o mesmo, mostrando o verdadeiro poder do voto e guiando-nos rumo a um quarto escuro e triste, cujo interior – acredito – está prestes a ser iluminado por estrelas vermelhas e revolucionárias, dependendo apenas de nós mesmos.

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